Eu Menti para Você!

18/11/2015 21:21

 

Eu Menti para Você! Artigo na integra.

A verdadeira história por trás da indústria do cafeeira.


Eu Menti para Você!

Isto é o que agora a International Coffe Organization (ICO) parece querer dizer ao consumidor, pelo menos subliminarmente. Uma pesquisa rápida no próprio site da Organização Internacional do Café (https://www.ico.org), pode ser uma ótima fonte de pesquisa e revelar informações importantes sobre alguns perigos do produto (encorajo o leitor a posteriormente visitar o web-site para obter as referências do presente artigo). Constantemente somos bombardeados  pela mídia com pesquisas sobre os benefícios do café, sabe-se, que realmente, estas pesquisas na maioria das vezes possuem resultados congruentes, mas a posição da mídia é de muitas vezes divulgar apenas os benefícios do café, pesquisas estas muitas vezes encomendadas pela própria indústria cafeeira. O que percebe-se agora é uma postura muito mais rígida e científica sobre o café pela ICO.

Segundo a ICO os grãos do café são aquecidos a uma temperatura superior a 180ºC  durante 8 a 15 minutos, o tempo e a temperatura variam conforme o grau de torra que se deseja obter. Quanto mais tempo se demora, mais escuro será o café resultante. Durante o processo, os grãos perdem umidade, produzindo "estalidos" como o da pipoca. Neste processo todo uma reação química acontece: os amidos se convertem em açúcar, as proteínas se decompõem, e toda a estrutura celular do grão se altera. O calor durante a torra precipita a liberação do óleo de café – o chamado "cafeol", que é a essência do café (2014).

Analisando o paragrafo acima nota-se que durante a torra todo o amido do café se transforma em açúcar, somando-se a isso as gordas colheradas de açúcar branco que posteriormente é acrescido no preparo da dita bebida. Se não basta-se isso durante a torra ocorre também a perda das proteínas, explicando aquela velha história de que café emagrece. Temos então uma bebida rica em açúcares, pobre em proteínas e originada de um grão que teve a sua estrutura celular drasticamente alterada. No final das contas o café não tem capacidade alguma de nutrir o organismo e pode ser classificado apenas como droga.

Mas o pior da história ainda esta por vir. Como lemos no trecho citado acima: “O calor durante a torra precipita a liberação do óleo de café – o chamado "cafeol", que é a essência do café (ICO,2014).” Assim como no café muitas outras sementes também possuem o chamado óleo essencial, que na maioria das vezes é benéfico a saúde. Um exemplo disso é a alicina, um óleo essencial encontrado no alho, que atua como antibiótico natural. Mas no caso do cafeol ele é um irritante das paredes do estômago, sendo a causa frequente de úlceras e gastrites entre os consumidores de café.

A ICO afirma que o cafeol é quem dá a essência ao café, esta essência é a que degustamos na xícara. O cafeol é um óleo volátil e solúvel em água. Por isso, depois da torra dos grãos, que se tornam escuros, o sabor do café pode se deteriorar com a umidade, a luz e, sobretudo, o oxigênio (2014).

Erroneamente alguns defensores do café afirmam por aí, que durante a torra todo ou grande parte do cafeol se perde, informação esta que facilmente pode ser desmentida em uma consulta rápida ao site da ICO. O Cafeol não é perdido durante a torra, e se isto ocorre-se o café não teria nem o cheiro e nem o sabor característicos do mesmo.

Veja, “se durante a torra houver calor excessivo, os grãos se tornam escuros demais e demasiado cafeol se queimará; se houver calor insuficiente, o cafeol não se soltará. Caso isto ocorra o café terá baixa qualidade, visto que a falta de cafeol diminui a essência e o sabor do café” (ICO, 2014).

Ainda segundo a ICO “o princípio básico do preparo do café consiste no uso de água quente para extrair dos grãos moídos os óleos essenciais naturais que dão ao café seu aroma e sabor maravilhosos. A infusão ou licor resultante é a bebida do café (2014).”

Portanto, todo café sem sombra de duvida tem cafeol! Seja ele cafeinado ou descafeinado. Se não tivesse cafeol, não seria café.

Já percebemos então que o café é prejudicial, não somente porque tem cafeína. Mas ele é prejudicial porque tem também cafeína. Mas como veremos  a seguir além do cafeol, muitas outras substâncias nocivas estão presentes no café descafeinado. Ou seja, além da cafeína, o café (inclusive o descafeinado) contém outras substâncias que são venenosas e prejudiciais ao organismo humano.

Na literatura podemos encontrar diversos livros que atestem estas informações, no livro, Alimentos Saudáveis & Alimentos Perigosos, encontramos a seguinte afirmação a respeito do café: “Além da cafeína, o café contém quase 400 outras substâncias químicas, inclusive quantidades muito pequenas de várias vitaminas e minerais, tanino e açúcar caramelizado (Pág. 80. 1988, impresso na Itália.).”

O Dr. Saxon cita; “Café descafeinado contém cafeol um irritante óleo volátil, que produz cerca de 75% de ácido no estômago do mesmo modo como faz o café normal. (Ver Dr. Jackson A. Saxon – The Youth Instructor, pág. 12, Arquivos de EGW Q & A 22 D3).

O Dr. Jackson Saxon diz que “o cafeol produz substâncias ácidas no estômago que podem causar inflamação e até úlceras pépticas da mesma maneira que a cafeína. Dr. Saxon continua dizendo que o café descafeinado causa em crianças insônia, irritabilidade, tremores e aumento das batidas cardíacas porque as crianças têm o organismo mais sensível que um adulto. Continua ele dizendo que o café descafeinado prejudica a digestão porque contém um ácido que interfere nas funções gastro-intestinais. E continua afirmando que o café descafeinado é um estimulante.” The Youth Instructor – Arquivo de EGW Q&A 22-D3.
As controvérsias a respeito do café descafeinado foram tão grandes que em 1961 o Departamento de Saúde do governo Americano chegou a responder uma carta do Dr. A. Delafield a respeito da presença do cafeol em café descafeinado com as seguintes palavras: “Em resposta a sua carta de 19 de Setembro pedindo informação a respeito do cafeol, um óleo aromático presente em ambos o café normal e o café descafeinado...Em pacientes com úlceras o café descafeinado tem o mesmo efeito que o café regular e provavelmente deveria ser evitado...” Assinado D.R. Kleber Jr. Washington, 20 de Novembro de 1961.

Infelizmente o que temos visto por aí, é que os fatos expostos neste artigo são escondidos e até mesmo acobertados pelos seus defensores, como a mídia, indústria, cafeicultores e empresários do ramo do café.

Goodman e Gilman chegaram a conclusão que existem muitas outras substâncias prejudiciais ao organismo contidas no café, entre elas temos a teofilina e a teobromina que são xantinas metiladas, ou metilxantinas. (As Bases Farmacológicas da Terapêutica – Rio de Janeiro, pág. 335.)

O Dr. Carlos Gama Michel diz que: “O efeito paradoxal dessas substâncias torna-as mais sutis ainda: Pela vasodilatação momentânea, fugaz, de trinta ou quarenta minutos de duração, o indivíduo sente alívio dos sintomas; depois disto, pela vasoconstrição mais demorada, e o conseqüente retorno dos sintomas, o indivíduo sente a necessidade de ingerir a substância estimulante outra vez.”– (Revista Teológica Iaene, Janeiro a Junho de 1997, pág. 35)”. No meio médico este efeito informado pelo Dr. Carlos foi apelidado de síndrome do yo-yô, visto que o indivíduo sempre sente vontade de voltar a consumir o café.

A verdade é que não existe café descafeinado cem por cento. O próprio nome “café descafeinado” já é contraditório por  si só. “Se ele é descafeinado, como pode ser café?” A própria Organização Internacional do Café, confirma que o café descafeinado contêm quantidades significativas de cafeína, informação confirmada também por outros autores.

“Se numa xícara de café instantâneo de 140 ml há cerca de 65 até 120 miligramas de cafeína, uma xícara de café descafeinado contém até 5 ml. de cafeína.” (Alimentos Saudáveis & Alimentos Perigosos, pág. 80. 1988, impresso na Itália. Pág. 81.)

Após passar pelo processo de descafeinação, cerca de 5% de cafeína ainda permanecerá no café. (Ver Dr. Jackson A. saxon, The Facts About Decaffeinated Coffe and Tea, December 10, 1957. Arquivos de EGW Q &A 22- D3.) Isto nos mostra que a pessoa viciada em tomar café, que passa há fazer uso do café descafeinado tenderá a aumentar o consumo do mesmo para poder satisfazer as exigências do organismo. Obviamente que desde o ano de 1957 muita coisa mudou no que se refere a legislação do café descafeinado, e que hoje os órgãos reguladores colocam como limite máximo para o café verde descafeinado a quantidade de 0,1%. Mas como veremos adiante através de dados da própria ICO, esta ainda é uma quantidade consideravelmente elevada. “Qualquer que seja o método de descafeinação, o café verde descafeinado deve conter menos de 0,1 % de cafeína (à base de peso seco) para cumprir a legislação da CE. Isso corresponde a cerca de 3 mg de cafeína numa xícara de café descafeinado de 30 ml, ou seja uma xícara de 150 ml pode conter cerca de 25mg de cafeína (ICO, 2014)”. Entende-se por “café verde descafeinado”, o café que passa pelo processo de descafeinação antes de ser torrado e moído.

Mas suspeita-se, que muitas vezes a indústria de muitos países pode ultrapassar este valor, visto que consumidores de café continuam a tomar habitualmente e até em maiores doses o café descafeinado, levando em conta que uma fiscalização deste nível dificilmente ocorreria pelos órgãos fiscalizadores como é o caso do IMMETRO no Brasil. A descafeinação possui um custo elevado, e um rígido controle de qualidade, que se sofrer alterações mínimas pode redundar em um aumento significativo da cafeína presente no café descafeinado.

Embora seja verdade que o café descafeinado tem menos cafeína, ele continua tendo muitas outras drogas como a “Teofilina e Teobromina que são drogas de constituição química e ação farmacológica semelhantes à cafeína.” – As Bases Farmacológicas da Terapêutica, Tomo I, Editora Guanabara, S.A. Rio de Janeiro, 1958. Observe as similaridades nas fórmulas da Cafeína, Teofilina e Teobromina. Cafeína= C8 H10 O2 N4. Teofilina= C7 H8 O4 N4. Teobromina=C7 H8 N4 O2. Tanto a cafeína quanto a teobromina e a teofilina são alcalóides venenosos, pertencentes a mesma família química.

O café instantâneo ou solúvel em geral contém menos cafeína que o café torrado e moído, mas geralmente são consumidos em maior volume do que estes últimos. O teor de cafeína também apresenta discrepância entre as diversas espécies de café, o da espécie Robusta por exemplo têm cerca de duas vezes mais cafeína que o do tipo Arábicas.

Para a Administração de Alimentos e Drogas dos EUA (FDA), os teores de cafeína são os seguintes: (mg por xícara de 5 onças - O conteúdo de uma “xícara” de 150 ml contém cerca de 5 onças nos Estados Unidos.) Observe a tabela abaixo.

 

faixa

média

Café torrado e moído
- filtro
- coador


60-180
40-170


115
80

Café instantâneo

30-120

65

(ICO,2014; apud FDA).

Mas enfim a grande desculpa que a ICO tenta argumentar para o consumo do café, é que muitas outras bebidas e alimentos possuem teores ainda mais elevados de cafeína do que o café. Como exemplo citado temos o tão popular chá, que segundo a ICO, contém mais cafeína que o café peso por peso, mas em geral como a própria ICO confirma se usa uma quantidade muito menor de “peso” para se preparar uma xícara de chá. Um estudo canadense realizado em laboratório (tabela abaixo) concluiu que em relação aos dois tipos de chá mais usados, o tempo de imersão afeta diretamente a concentração de cafeína das amostras preparadas, como segue:

(média, mcg por ml)

 

2 minutos

5 minutos

Saquinho de chá

238

402

Chá solto

189

295

(1988, Stavric et al)

Mas o estudo controle revelou que a concentração média de cafeína nas amostras de chá que eram preparadas em casa apresentava-se muito mais baixa, registrando uma média de 159mcg por ml, mas com ampla variação. Revelando uma discrepância entre os resultados.

Isto pode ser explicado, pois diferentes consumidores podem utilizar diferentes quantidades de “peso” para se preparar o chá e um diferente tempo de infusão. Mas em geral o teor de cafeína de uma xícara de chá  é de menos de 60 mg, um valor se comparado ao descafeinado que pode chegar a ter 50 vezes mais cafeína. Mas apesar de todas estas variações, ainda assim “uma xícara de chá forte pode conter mais cafeína que uma xícara de café regular fraco” (ICO, 2014).

Outras bebidas que possuem cafeína são aquelas à base de cacau e chocolate, entorno de 4-5 mg de cafeína por xícara, o chocolate amargo e o que se usa como ingrediente culinário, pode ter de 20-26mg por 30 ml ou 0,7-0,9 mg por grama. Muitos refrigerantes, entre os quais as colas e as de sabor levemente picante ("os peppers"), e também alguns sabores comuns também contêm cafeína, e esta, além de presente nas nozes-de-cola, freqüentemente é acrescentada como ingrediente de sabor. Um copo com cerca de 360 ml pode conter 30-60 mg de cafeína. As principais marcas de cola à venda no Reino Unido por exemplo contêm quantidades absurdas de cerca de 120 mg de cafeína em 500 ml (ICO, 2014). Muitas outras bebidas e alimentos ainda possuem quantidades significativas e até mesmo “monstruosas” de  cafeína, como geralmente é o caso de energéticos, suplementos alimentares para academia e até mesmo alguns tipos das populares e saudáveis “barrinhas” de cereal.

Particularmente eu, como um profissional da saúde não sou contra a cafeína, sou contra o seu uso como alimento, um uso que ao longo do último século têm se mostrado indiscriminado e abusivo. Todo profissional da saúde sabe (ou pelo menos deveria saber) que a cafeína está presente em muitos medicamentos à venda nas farmácias com ou sem receita (principalmente nos vendidos sem receita), inclusive  é encontrado na maioria dos analgésicos, em moderadores de apetite, nos famosos “rebites” para ficar acordado, em medicamentos para resfriados, asma e também em alguns para retenção de fluidos. O teor de cafeína nestes medicamentos é muito variável podendo chegar  de 7mg a 200mg por comprimido, conforme informações obtidas no próprio site da ICO. Infelizmente a cafeína têm causado dependência também nos medicamentos, não é raro encontrar pessoas viciadas em analgésicos e outros medicamentos, como o caso  de um senhor dependente de um descongestionante nasal, que obtive conhecimento. Isto nos leva a perguntar, mesmo na campo da medicina, sobre a venda e consumo indiscriminado destes medicamentos, e leva a qualquer ser humano a racionalizar se realmente os benefícios são maiores que os prejuízos.

Conclusão

Com a presença cada vez mais massante dos alimentos cafeinados em nossas mesas, o consumo diário de cafeína tem aumentado assustadoramente. Um indivíduo adulto que faz o consumo habitual (digamos exagerado) de café e de outros alimentos cafeinados pode chegar a ingerir por mês mais de 18 mil miligramas, baseando-se no consumo diário de 670 mg. Isto é equivalente a uma quantidade absurda de quase dois quilos de cafeína pura. Uma quantidade mortal se fosse ingerida de uma única vez. Em Londres, o Dr. M.S. Bruce e outros pesquisadores, num estudo envolvendo nove pessoas normais que habitualmente consumiam cafeína (referência abaixo), constataram que o consumo médio diário era de 428 mg de cafeína, numa faixa que ia de 230 mg a 670 mg.

Já dizia um antigo ditado contra os fatos não há objeções. Cafeína não é segura e nunca o será, assim como o café, não importa, seja ele descafeinado ou não.

Referências
Bruce M.S. et al. British Journal of Clinical Pharmacology,22: 81-87. 1986.

International Coffe Organization, acesso em 10 de nov. De 2014;  https://www.ico.org/PT/making_coffee _ p.asp

Lecos C. The latest caffeine scorecard. FDA Consumer, March 1984.
Stavric B. et al. Variability in caffeine consumption from coffee and tea: possible significance for epidemiological studies. Fd Chem Toxic 26(2):111-118. 1988.

Alimentos Saudáveis & Alimentos Perigosos, pág. 80. 1988, impresso na Itália. Pág. 81.

Revista Teológica Iaene, Janeiro a Junho de 1997, pág. 35.

S. Goodman e Gilman, pág. 335. As Bases Farmacológicas da Terapêutica, Tomo I, Editora Guanabara, S.A. Rio de Janeiro, 1958.

Carta do Departamento de Saúde Nacional Americano. Dr. Kleber Jr. Washington, 20 de Novembro de 1961.

Jackson A. saxon, The Facts About Decaffeinated Coffe and Tea, December 10, 1957. Arquivos de EGW Q &A 22- D3.

Ivanaudo B. Oliveira. Vamos Tomar um Cafezinho? https://www.nistocremos.net/2012/06/vamos-tomar-um-cafezinho.html Acesso em 15 de novembro de 2014.

Kaled Diaz

Biomédico, Autor e Fundador de Novocomeco.com