Estrada para o suicídio.
A trajetória de um viciado em pornografia.
Por Kaled Diaz.
Um dos grandes problemas da pornografia é que muitas vezes os efeitos dela persistem por muitos anos mesmo após a abstinência prolongada ou definitiva.
A pornografia e a masturbação além de estarem inteiramente associadas afetam diretamente o sistema nervoso do usuário. Aspectos científicos já estão bem definidos a este respeito. Esta vertente é mais evidente em casos crônicos. A realidade do indivíduo é drasticamente alterada. A pessoa tem seguidos flashbacks*, principalmente após curtos períodos de abstinência. As cenas de filmes, vídeos e revistas lhe assaltam a mente a todo momento e em qualquer lugar. É quase inevitável, mas o indivíduo vê frequentemente as pessoas como se estivessem nuas, ou mesmo as imagina como atores pornôs. Outdoors, revistas de moda e lingerie ou mesmo um simples panfleto de uma clínica de estética podem por fim a abstinência desencadeando uma reação que levarão o indivíduo as chamadas “recaídas”.
O cérebro envia aos receptores cerebrais (vias neurais) sinais que “lembram” a máquina viva de que se precisa de pornografia e masturbação para saciar o corpo. Este é o princípio do vício, que também correspondem a dessensibilização, sensibilização e hipofrontalidade. Características estas presentes em vícios como ao do álcool e de outras drogas.
Após anos de abusos, as suas percepções ficam distorcidas. E a pornografia, a masturbação ou até mesmo o sexo se tornam quase compulsivos.
Com o passar do tempo a mesma pornografia já não te satisfaz. A maioria das pessoas, talvez todas, que se iniciam no hábito da pornografia escrita ou de imagens, logo passam para as revistas pornôs, depois vão para os filmes e vídeos e estes vão se tornando cada vez mais e mais “pesados” e intensos.
A pornografia afetará também a sua memória, a sua capacidade de memorização será drasticamente reduzida, os níveis de aprendizagem e criatividade também irão gradualmente diminuir. Você terá então dificuldades para estudar e concentrar-se. Haverá dificuldades para se cumprir metas e prazos. O indivíduo geralmente começa alguma coisa, mas nunca termina. Os projetos então se acumulam, juntamente com as frustrações.
No início a pornografia parecerá fantástica, legal e incrível. Ela é sedutora, isto é fato. Você se sentirá em um novo mundo de descobertas. Mas é um mundo totalmente irreal e falso, além de tudo ela é uma inimiga desleal, pois em 90 % dos casos o primeiro contato com a pornografia se dá ainda na infância. Criaturas indefesas e vulneráveis perante uma inimiga tão sagaz e sedutora.
A pornografia geralmente é apresentada na escola, por colegas de classe; na família, por um irmão ou um primo mais velho; é descoberta revirando um armário ou um guarda-roupas em casa; através de sites na internet ou ainda através de abusos sexuais, não importa onde é apresentada, os resultados finais sempre trazem sofrimento e infelicidade.
O vício se dá de forma quase que instantânea, ao virar a segunda página de uma revista ou ao assistir os primeiros segundos de um vídeo o adolescente buscará cada vez mais e mais conteúdo. A pornografia e a masturbação o afetarão para sempre, isso é inevitável.
Quanto mais pornografia o indivíduo ver, mais deprimido e isolado ele vai ficar. Provavelmente muitos dos adultos e jovens viciados em pornografia teriam um futuro brilhante pela frente, talvez ainda tenham. Mas ela lhes roubou, ou ainda lhes roubará muita coisa. O interesse pela vida diminuí com o passar dos anos, como se a pornografia fosse a única coisa que realmente interessasse. Um exemplo disso ocorre no pseudo-documentário “Confessions of a Porn Addict” (Confissões de um Viciado em Pornografia) onde Mark Tobias um viciado em filmes pornôs que depois de perder dinheiro, os amigos, o emprego e a esposa, pede ajuda a um patrocinador e um amigo cineasta, para documentar sua história na esperança de convencer tanto o juiz, como sua ex-esposa que está fazendo o seu melhor e mostrar que está finalmente livre das garras do vício. Mas infelizmente o filme de Mark Tobias também apresenta conteúdo pornográfico, assim como um outro filme recém-lançado “Don Jon,” (Como Não Perder Essa Mulher, 2013) apresenta um rico e vasto conteúdo sexual. Onde conta a história de um jovem e independente homem solteiro que é viciado em pornografia.
Por fim o jovem acabará tendo dificuldades para arrumar emprego, amigos, namorada, terá insônia, crises depressivas e até perturbações mentais. Ele se tornará instável emocionalmente, crítico e mal-humorado.
Se o jovem soubesse o preço que a pornografia lhe cobra, provavelmente ele jamais começaria. Mas ela custará mais caro do que ele jamais poderá pagar, lhe tomará muito mais do que ele tem ou chegará a ter e o levará para caminhos tão longínquos que ele jamais poderá voltar (consequências).
Para o viciado o problema sempre está em “ficar longe”. Isto se torna ainda mais complicado para o viciado em pornografia e masturbação, porque ambas sempre estão disponíveis. Mesmo quando a pornografia não está disponível (oque é muito difícil nos dias de hoje), o indivíduo pode se deleitar com imagens mentais, pois de certa forma o nosso cérebro funciona como um HD ou um disco rígido de um computador, toda a pornografia que um dia já foi consumida, está lá guardada e o cérebro a usará quando lhe for mais conveniente. A boa notícia é que com muitos exercícios mentais e muito trabalho duro podemos controlar a nossa mente.
O vício em pornografia e masturbação é definitivamente lento, geralmente necessita-se de anos para que um indivíduo reconheça e perceba que está dependente e que isto se tornou uma rotina em sua vida.
A pornografia e a masturbação se tornaram muito mais do que um hábito, elas se tornaram uma necessidade. A pornografia tornará o jovem cada vez mais solitário, e tudo o que ele mais desejará fazer será ver pornografia. Muitas vezes o jovem pode ficar dias seguidos na frente do computador vendo pornografia. Quando ele fica neste estado que se assemelha mais ao da hipnose, a única coisa que o fará sair de frente da tela será para ir ao banheiro, pegar um copo de água ou um pacote de biscoitos.
É horrível quando um jovem começa a ter noção que está preso nesse estilo de vida. Ele começa a acreditar que não existe como sair, que não há liberdade, fuga ou qualquer outro meio de escape. É triste, mas muitos de nós acreditamos depois de tantas tentativas de que não há esperança.
Quando se usa a pornografia ou pratica-se a masturbação, o sentimento é de prazer e felicidade. Mas tudo é apenas momentâneo. Na verdade ela sugará parte da sua vida, ela sugará toda a sua felicidade, pois logo após fazer uso delas, você se sentirá deprimido e vazio. Você vai jurar que jamais voltará a usá-la, você vai se sentir como um fracassado e hipócrita. Mas em pouco tempo lá estará você novamente a ver pornografia, pois esta será a única coisa que o fará sentir melhor.
Em um certo ponto você perceberá que não tem mais controle sobre você mesmo. A pornografia o controlará. Você se tornará escravo dela, e ela a sua senhora. Ela ditará a sua vida, e isso será tudo.
Com o transcorrer dos anos regados pelo vício, outras infelicidades apareceram. Você começará a sentir continuamente cansaço e fraqueza; você logo estará sem forças em todos os sentidos, e aqueles hábitos secretos por fim estarão tirando a sua vitalidade. Seu apetite praticamente desaparecerá e velhos fantasmas como pensamentos suicidas logo voltaram e se tornaram um hábito em sua vida.
E um certo dia você dirá: “Nunca pensei que me tornaria aquele tipo de pessoa que eu era: um viciado. Mas foi exatamente isso que acabei me tornando”.
*Fato acontecido no passado inserido em um momento atual, através das lembrança da pessoa.
Este artigo é um trecho de meu novo livro: "Confronto X", que está em processo de publicação no momento.
Kaled Diaz
Biomédico, Autor e Fundador de Novocomeco.com
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